Fé x Razão

Com o avanço das ciências e do conhecimento, os entrechoques da Fé com a Razão, tem levado muitos ao ateísmo, por não conseguirem conciliar inúmeros conteúdos das suas religiões com o bom senso.

Além disso, a ciência tem proclamado a inexistência de Deus (sem qualquer prova científica), apresentando várias teorias científicas sobre as origens do universo e da Vida, mas nenhuma responde a questões, como, por exemplo:

a) Como reações químicas poderiam criar vida inteligente, já que até mesmo os menores elementos como moléculas resultam de um projeto altamente inteligente, ou será que uma molécula de DNA por exemplo, teria se autocriado, ou surgido de meras reações químicas, com toda a sua formidável complexidade?

b) Por que no universo e na vida as transformações seguem um roteiro evolutivo? Por que não involuem para o caos, para a destruição? Quem ou o quê criou esse roteiro e o mantém ativo?

c) Como não perceber no desenrolar dos acontecimentos no cosmo, na Natureza, na progressão da vida na Terra um programa preestabelecido, apoiado em Leis que regem o Todo?

d) Se tudo no cosmo não estivesse sujeito a Leis inteligentes, não seria tudo o absoluto caos? E essas Leis, tão complexas, fabulosas e poderosas que abrangem e comandam tudo, teriam sido simplesmente elaboradas e mantidas atuantes por ocorrências fortuitas?

Aceitar teorias científicas existentes sobre as origens do universo e da Vida, sem a organização e comando de uma Inteligência e Poder inimagináveis e inalcançáveis pelo entendimento humano, seria o mesmo que acreditar ser um computador capaz de programar a si mesmo, sem a atuação de uma inteligência, a do programador.

Um grande problema também está na NÃO ATUALIZAÇÃO de muitas crenças religiosas no mundo cristão, que perduram nos mesmos formatos do Antigo Testamento, que foi elaborado para as mentalidades daqueles milênios passados.

Mas, nos meados do Século XIX, quando a humanidade já estava em condições de receber e assimilar mais uma fatia da Verdade, quando o “cristianismo” estava começando a esgotar suas reservas de poder e domínio sobre as pessoas, passaram a ocorrer comunicações de espíritos em pontos diferentes da Terra.

Nos EUA, começou com uns ruídos que podem ser considerados como sendo dos mais importantes da história do mundo cristão, e quem narra esses fatos com todos os detalhes é Sir Arthur Conan Doyle, no livro The History of Spiritualism.

Diz Doyle que os ruídos começaram a ocorrer num vilarejo chamado Hydesville, no Estado de Nova Iorque, na residência onde habitava parte de uma família de sobrenome Fox, composta pelo pai, a mãe e duas filhas, Margaret, de 14 anos, e Kate, de 11. A religião que professavam era a metodista.

Por vários dias se ouviram ruídos estranhos na casa dos Fox. Pareciam produzidos por arranhaduras. Às vezes eram simples batidas, outras vezes soavam como o arrastar de móveis. As meninas ficavam tão alarmadas que iam dormir no quarto dos pais.

Mas na noite do dia 31 de março de 1848, os sons tornaram-se mais fortes e vibrantes que nunca. A menina Kate, num impulso corajoso, desafiou aquela força invisível a repetir as batidas que ela dava com os dedos. Esse desafio foi imediatamente respondido, e cada pedido da menina era logo atendido com novo ruído.

Estabeleceu-se logo um código baseado no número de batidas; por exemplo, uma batida equivalia a SIM, duas a NÃO, e assim por diante, numa forma de comunicação rudimentar.

No livro citado, Sir Artur transcreve um depoimento da Sra. Margaret Fox, no qual ela diz:

 “Então pensei em fazer um teste que ninguém seria capaz de responder. Pedi que fossem indicadas as idades de meus filhos, sucessivamente. Instantaneamente foi dada a exata idade de cada um, fazendo pausa de um para outro até o sétimo, depois do que se fez uma pausa maior e três batidas mais fortes foram dadas, correspondendo a idade do menor, que havia morrido.

“Então perguntei: É um ser humano que me responde tão corretamente? Não houve resposta. Perguntei: É um espírito? Se for, dê duas batidas. Duas batidas foram ouvidas assim que fiz o pedido. Então eu disse: Se for um espírito assassinado dê duas batidas. Essas foram dadas instantaneamente, produzindo um tremor na casa. Perguntei: Foi assassinado nesta casa? A resposta foi como a precedente. A pessoa que o assassinou ainda vive? Resposta idêntica, por duas batidas. Pelo mesmo processo verifiquei que fora um homem; que o assassinaram nesta casa e os seus despojos enterrados na adega. Então perguntei: Continuará a bater se chamarmos os vizinhos para que também escutem? A resposta afirmativa foi alta.”

Esses fenômenos tiveram grande repercussão e a afluência de curiosos foi tamanha que a família Fox acabou seriamente abalada com os acontecimentos, e como parecia que a coisa estivesse ligada às duas meninas, estas foram afastadas. Mas em casa de seu irmão, David Fox, para onde foi Margaret, e na de sua irmã Mrs. Leah Fish, onde Kate ficou hospedada, os mesmos ruídos eram ouvidos. Foram feitos todos os esforços para que o público ignorasse essas manifestações, mas logo se tornaram conhecidas. Mrs. Fish, que era professora de música, tornou­-se incapaz de continuar as lições, porque centenas de pessoas acorriam à sua casa para ver os fenômenos.

Mas os fenômenos passaram a não se limitar à família Fox. Sons idênticos foram ouvidos na residência do Reverendo A. H. Jervis, ministro metodista residente em Rochester. Poderosos fenômenos físicos irromperam na família do Diácono Hale, de Greece, cidade vizinha de Roehester. Pouco depois Mrs. Sarah A. Tamlin e Mrs. Benedict, de Auburn, desenvolveram notável mediunidade. Então e rapidamente, tornou-­se evidente que essas forças invisíveis não estavam ligadas às meninas Fox. Em vão a família orou, com os seus irmãos metodistas, esperando alívio. Em vão foram feitos exorcismos pelos padres de vários credos. Além de cobrir os “Améns” com batidas fortes, as presenças invisíveis não ligavam a esses exercícios religiosos.

Essa “Onda Espiritualista” que se formou então, espalhar-se-ia, mais tarde, pelo mundo, conforme fora afirmado em uma das primeiras comunicações através das irmãs Fox. As próprias forças invisíveis insistiram para que se fizessem reuniões públicas onde elas pudessem manifestar-se ostensivamente. Era uma mensagem que vinha do mundo dos Espíritos, conclamando os homens para uma outra posição filosófico-religiosa.

Em pouco tempo, na Europa, os fenômenos espirituais passaram a fazer parte dos “jogos e folguedos de salão”, comuns numa época em que não havia entretenimentos como os de hoje. Nesses jogos as pessoas se divertiam fazendo perguntas aos espíritos e recebendo respostas através de códigos estabelecidos, baseados em pancadas que eram dadas por uma mesinha de três pés que se levantava e batia no chão com um dos seus pés.

Na França, ante o fato de se tratar de uma inteligência invisível que respondia perguntas sobre assuntos os mais variados, o sábio francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, professor de química, física, matemática e astronomia, autor de diversas obras didáticas adotadas pela universidade da França, membro de várias academias de sábios, inclusive da Academia Real D’Arras, decidiu-se a investigar essas manifestações visando desmascarar o que acreditava tratar-se de fraude.

Assim, às terças-feiras, Rivail passou a frequentar a casa da senhora Boudin, em Paris. Julie, moça de 14 anos, e sua irmã Caroline, de 16, eram as médiuns que psicografavam as mensagens. Julie era uma médium passiva, inconsciente do que escrevia. Somente achava divertido as pessoas lhe darem tanta importância. As reuniões, dirigidas pelos pais delas, não eram secretas, mas restritas a poucos convidados. Para escrever as mensagens, Julie e Caroline usavam uma cesta-de-bico, feita de vime, com 15 a 20 centímetros de diâmetro e uma espécie de bico com um lápis na ponta.

“Pondo o médium os dedos na borda da cesta, o aparelho todo se agita e o lápis começa a escrever”, explicou Rivail. Com o tempo, as garotas passaram a usar a psicografia direta, segurando o lápis com a mão, que escrevia vertiginosamente, sem que elas tivessem conhecimento do que estava sendo escrito.

Diante delas, Rivail fazia perguntas as mais diversas, e os espíritos respondiam. Tratava-se de questões as mais complexas, tais como, a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações conosco, a reencarnação, as leis morais etc. 

Assim, aos poucos, questionando os espíritos, perguntando e anotando tudo, começou a convencer-se de que se tratava de uma impressionante realidade.

Essas manifestações ocorriam também por intermédio de outros médiuns, em variados pontos da Terra. Eles não se conheciam e nada sabiam sobre o que estava acontecendo. Mas as informações trazidas pelos espíritos através deles, das irmãs Julie e Caroline, e outros médiuns que colaboraram com Rivail, formavam um leque extraordinário de conhecimentos que explicavam as causas e os porquês das diferenças e dos sofrimentos humanos, além de uma infinidade de outras questões.

Aquele universo de informações e esclarecimentos vieram aliviar nossas angústias vivenciais e nos pacificar com a Vida e com Deus.

Durante mais de 20 meses Rivail realizou esse gigantesco trabalho de fazer perguntas aos espíritos, questioná-los, comparar as respostas com as recebidas por outros médiuns, organizá-las por assuntos etc., até que seu primeiro livro ficou pronto e foi publicado em 18 de abril de 1857 em Paris, com o título: Le Livre des Esprits, constando de 1019 questões. Depois, escreveu mais outras obras, como, O Evangelho segundo o Espiritismo (enfocando os ensinamentos de Jesus), Livro dos Médiuns, Céu e Inferno, Genese etc., sempre por esse mesmo método.

OBS. Rivail, ao codificar a doutrina espírita, adotou o pseudônimo “Allan Kardec”, nome que usara numa de suas encarnações como sacerdote druida, conforme foi informado pelos espíritos.

Em todo esse gigantesco trabalho Kardec demonstrou ter a mente de um cientista verdadeiro, totalmente descondicionada e aberta, tanto assim, que orientou: “Se um dia a Ciência vier a desmentir algum dos postulados espíritas, fiquem com a Ciência”.

Isso sim, é ter espírito de cientista e não, como tantos que se põem a pesquisar algo, não com a finalidade de conhecê-lo, mas sim, na busca se algum indício com que pudessem tentar desmenti-lo.

Nascer, viver, morrer. Tornar a nascer e progredir sempre, TAL É A LEI (Kardec)

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